terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Habitar Teu Nome

A poetisa Marize Castro lançara hoje, dia 14, às 19h, no Teatro Alberto Maranhão, o seu mais novo trabalho intitulado Habitar Teu Nome. Abaixo uma entrevista com a poetisa por Sérgio Vilar.


"Com a maturidade, a poesia se tornou ainda mais necessária em minha vida"


Foto:Arquivo Pessoal/Divulgação
Marize Castro procura palavras em campos nunca habitados. Talvez por isso o perigo na ousadia da procura e na oferta do resultado. Habitar Teu Nome (Editora Una, 67 pág. R$ 20) mexe com os sentidos do leitor. E por isso, perturba, causa estranheza. É um novo mundo descortinado, escancarado em frases montadas pelas palavras escondidas. Quem desejar mergulhar no desconhecido e achar uma poesia única, versátil, o livro será lançado no pátio interno do Teatro Alberto Maranhão, às 19h.

Dois anos de intervalo entre um livro e outro. Quanto tempo você demora para lapidar uma poesia e em que momento você se decide por ela pronta?

Este é o menor intervalo que eu já fiz entre os meus livros [de poesia]. Com a maturidade, a poesia se tornou ainda mais necessária em minha vida. Não tenho mais dúvida que escrever é meu destino, buscar a palavra necessária, insubstituível, lapidá-la e mesmo assim ainda saber o que o "não dito é indizível" é o meu caminho. Quanto tempo lapidar? O tempo que for preciso. Às vezes, é necessário abandonar o texto, publicá-lo mesmo sabendo que algo se escondeu, não se deixou dizer. Talvez este algo o leitor encontre. Este é o grande lance da poesia: a participação do leitor.

Tal qual o recente livro editado pela Una, Por Cada Uma, a feminilidade se faz presente em Habitar Teu Nome, mesmo que aparentemente mais madura. Também percebi isso no último livro de Diva Cunha. Pode-se dizer que essa exposição da alma feminina é um retratoda poesia contemporânea produzida pelas poetisas, em um século onde elas ganham cada vez mais liberdade?

As mulheres século 21 estão mais próximas da sua natureza instintiva. Já podemos olhar o mundo com milhares de olhos, não mais apenas os olhos que a sociedade nos permitia. Claro que houve toda uma trajetória percorrida por outras mulheres, para sermos o que somos hoje; nos guiamos com os mapas que essas mulheres deixaram. Bem sei que outras mulheres também se guiarão pelos mapas que eu, Diva Cunha e tantas outras estamos desenhando agora. Certos homens também se guiarão com esses mapas, o que é absolutamente maravilhoso.

Ainda nessa linha, porque cinco mulheres selecionadas no Por Cada Uma? Foi coincidência ou proposital?

Foi sincronicidade. Todas são leitoras e admiradoras da poesia que eu faço e me tornei leitora e admiradora da poesia de cada uma delas. Foi uma experiência incrível, houve uma harmonia impressionante entre todas nós, tornamo-nos amigas, acho que pra toda vida.

Marrons Crepons Marfinsinfluenciou a poesia de uma época, há mais de 25 anos. E não só a poesia escrita, mas as artes visuais também beberam desse livro. Há abismos ou um caminho evolutivo entre este seu primeiro livro de poesia e o Habitar Teu Nome?

Entre Marrons Crepons Marfins e Habitar Teu Nome há uma trajetória de uma mulher que jamais parou de lutar, de se interessar pela vida, pela linguagem. O frescor de Marrons Crepons Marfins e a maturidade de Habitar Teu Nome representam integralmente minha poesia.

Nestes tempos de 140 caracteres, qual a pretensão do livro?

Ser lido.

Trecho da obra

As aranhas de Louise me fazem chorar
lembram-me jovens e grávidas fêmeas
ao sol
apoiadas em abismos
as aranhas de Louise
são mães
gigantes e leves
(ninguém duvide)
são
aves
de
bronze
com
ovos
de
mármore
fiando
em
suas
casas
de
ar
múltiplas
gotas
de
uma
única
dor


A entrevista também está disponível em: http://www.diariodenatal.com.br/2011/12/13/muito1_0.php

sábado, 29 de outubro de 2011

Entrevista com Nei Leandro de Castro


O escritor Nei Leandro de Castro esteve em Natal para participar da Ação Potiguar de Incentivo à Leitura, organizada pelos Jovens Escribas e, no dia 17 de outubro, concedeu entrevista às bolsistas do PET Julianeide Herculano e Fátima Lopes.

PET - Como nasceu o escritor? Quais suas influências?

NL - Bom, eu comecei escrevendo poesia. Eu tive uma infância normal de jogo na rua, de mergulho no rio Potengi, mergulho no poço dentão. Aos 16 anos, não sei por que, escrevi um poema e como meu pai gostava de poesia - inclusive foi ele que me deu o primeiro livro para ler, Capitães de Areia, de Jorge Amado - eu mostrei para ele. Eu estava chegando em casa, à tardinha, e meu pai estava lendo o poema para os meus irmãos, que eram uns quatro, cinco. Foi a gozação maior do mundo: “Olha é poeta!”. Parecia que estavam me chamando de “baitola” e liam meus versinhos. Eu fiquei chateadíssimo com meu pai, porque mostrei a ele confidencialmente. Passei muito tempo sem escrever depois disso, profundamente aborrecido com a brincadeira dos meus irmãos. Depois eu fui apresentado a um poeta, que era subtenente da polícia, um tio de Dorian Gray Caldas, o tenente Luis Rabelo. Foi ele que me orientou na poesia e na literatura, me emprestando muitos livros. Outro estágio, também muito importante, foi quando eu escrevi uma redação. Estudava no Atheneu, e o professor Luis Maranhão – em saudosa memória, um grande intelectual, político, foi massacrado por Sergio Fleury a pancadas, porque era do partido comunista, e também era irmão do prefeito Djalma Maranhão – publicou minha redação escolar sem dizer nada, de surpresa. A minha redação foi parar no jornal Tribuna do Norte e Newton Navarro, que era muito conhecido em Natal, publicou na coluna dele: “Nasce um escritor”. Eu quase morro de felicidade! Tinha só 16 anos. A partir daí eu tive contato com Newton, com Zila Mamede, maravilhosa, que me deu muitas indicações de leitura. Adorava essa mulher.

PET - Você escreveu poemas e romances, mas qual o gênero com que você se identifica mais?

NL - Eu escrevo poesia com mais prazer, até mesmo porque o romance é muito mais difícil, e complicado, os personagens são chatos, se metem na vida da gente, não deixam a gente dormir direito. Eu gosto de poesia e gosto mais de escrever poesia. Mas tenho visto que ultimamente as musas têm me abandonado. Não sei o que foi que eu fiz, não tenho escrito. Faz um ano que não escrevo poesia, nem prosa, só escrevo uma coluna às sextas-feiras para a Tribuna do Norte, minha única produção literária atual. Estou chateado com isso.

PET - Por que saiu de Natal para o Rio?

NL - Eu conheci o Rio em 1969, porque ganhei um prêmio literário nacional que dava direito a uma viagem à Argentina, Buenos Aires, aí eu passei pelo Rio. Me apaixonei de tal maneira pela cidade e me apaixonei por uma menina chamada Maria Alina, 18 anos; eu tinha 19. Foi uma paixão pela cidade, mais pela cidade do que por Maria Alina. Ainda hoje sou apaixonado pelo Rio. Eu gosto muito de Natal, estou sempre aqui, minha família é toda daqui, mas eu gosto muito do Rio, sou casado com uma carioca, tenho uma filha carioca, uma neta carioca, então eu gosto muito dali. Apesar dos bueiros que voam.

PET - Durante algum tempo você adotou o pseudônimo de Neil de Castro, teve algum outro?

NL - Não. Neil surgiu quando eu fui escrever no Pasquim que foi um marco, na época, para o jornalismo. Vocês são muito jovens, não sabem disso, mas marcou época mesmo, porque era um negócio de outro mundo na imprensa, pelo sarcasmo, pela inteligência, pelas pessoas que faziam o Pasquim, como Ziraldo, Millôr Fernandes, Jaguar,Henfil. Então eu cheguei lá e escrevi um artigo como Nei Leandro de Castro, aí o Ziraldo disse: “Esse nome é muito grande, sabe? Aqui tem Ziraldo, Henfil, Jaguar, e você tem três nomes, muda isso!”; aí eu mudei: “Que tal Neil de Castro?”, “Esse tá bom.”.

PET - E Nathalia de Souza?

NL - Não sei quem é. Me apresente.

PET - Você é formado em Direito, mas nunca chegou a exercer a profissão. Por quê?

NL - Graças a Deus! Eu acho um absurdo, não suporto a profissão. Me formei em Direito porque era a única faculdade em Natal que tinha como professor Luis da Câmara Cascudo, Américo de Oliveira Costa e Edgar Barbosa que eram a nata da intelectualidade. Eu fui por isso. Mas eu nunca gostei, nunca me interessei, nunca estudei. Tenho horror a Direito, a advogados, todos safados, corruptos, quase todos. Talvez seu pai não seja.

PET - Como a publicidade entrou na sua vida, o que ela significou?

NL - Importantíssima. É um meio de vida que pelo menos no Rio dá dinheiro. Todos os bens materiais que conquistei foram através da propaganda. Além de tudo, eu redigia, criava e isso é bom, ganhar bem escrevendo. Trabalhei quase 30 anos na propaganda, em grandes agências do Rio.

PET - Em 1980 concorreu ao prêmio Casa de las Americas. Conte-nos sobre esse episódio:

NL - Foi algo que me deixou profundamente decepcionado. Uma das maiores decepções da minha vida. Quem me contou foi João Ubaldo, que era do júri do Casa de las Américas. Um prêmio maravilhoso que, além de tudo, tornaria o meu livro conhecido por toda América. Então eu ganhei esse prêmio com um livro chamado As margens do Rio e, quando todo mundo votou, o Antonio Candido, um critico literário que tem uns 80 anos mais ou menos, chegou lá e disse “Olha, deixe eu dizer uma coisa a vocês, a Casa de las Americas está dando pela primeira vez um prêmio em Língua Portuguesa e pensem bem, esse livro é bom, mas é cheio que palavrões, nós vamos ficar mal afamados se esse livro for premiado.” E tiraram meu prêmio. Eu achei um absurdo, uma tremenda sacanagem. Foi a maior decepção da minha vida. Não quero saber desse sujeito, um cretino, moralista.

PET - Conte-nos sobre o prêmio da revista Playboy.

NL - Esse foi ótimo. Ganhei um carro que hoje seria num valor de 45 mil reais. Por um conto. Já pensou? Estava almoçando em minha casa, no Rio, com a minha família, aí eu recebo um telefonema: “Olha, é da Playboy, você acaba de ganhar o prêmio”, então eu disse: “Deixa de conversa, quem é que está falando?”,“É a revista Playboy, e você acaba de ganhar o prêmio, nós estamos lhe comunicando.” . Ganhei um carro, um “super estilo”. Peguei a chave do meu carro e disse “Minha filha você acaba de ganhar um carro” e ela: “Por que meu pai?” “Porque eu ganhei um melhor.”

PET - O erotismo é marca constante em sua obra. Fale um pouco sobre isso.

NL - Eu gosto muito. Minha mãe queria que eu fosse padre. Hoje já pensou Frei Leandro? O poder de sedução das mulheres sobre Frei Leandro? Seria uma loucura. É um tema recorrente em mim e eu gosto muito. Sou apaixonado pelas mulheres, adoro as mulheres, acho a coisa mais linda. Eu não diria como Lula, o presidente intelectual, que disse que “A mulher é a obra mais prima da natureza”. Para mim ela é mais tia ou mais sobrinha.

PET - As pelejas de Ojuara é o seu romance mais conhecido. Como nasceu esse herói?

NL - Curioso. Veja, eu só tinha na minha cabeça uma ideia. Um homem manobrado pela mulher chamado Araújo que depois de uma reviravolta na vida dele, se desdobra e mudava o nome de Araújo para Ojuara. Claro que eu li muita literatura, livretos de cordel. Eu fui para Chicago, me isolei e escrevi o livro.

PET - Quanto à adaptação do livro As pelejas de Ojuara para o cinema, o que achou?

NL - Dá para ver, mas no livro Ojuara além do personagem principal tem histórias paralelas que dão mais humor ao romance e essas histórias sumiram todas, como a do Tião Pé de Santo que tinha o maior chulé do mundo e o Galego Assis, o mentiroso. E eu acho que por isso ficou mais ou menos.

PET - Algumas pessoas criticam o seu “regionalismo excêntrico”. Qual seu objetivo ao optar por uma linguagem menos valorizada na sociedade?

NL - Eu não ligo. Não vou deixar de escrever palavrão porque fere o ouvido de fulano. Eu quero que a sociedade se lasque! Eles que deixem de ler! Nas Pelejas de Ojuara, costumo dizer que tem “um mata burro” nas primeiras páginas, aquela quadrinha do “barbeiro de buceta.” Porque muita gente, quando chega naquela parte, não lê mais. Eu acho ótimo! (risos).

PET - O espaço geográfico de seus romances passa por diversas cidades do Estado. Você conheceu todas elas ou as pesquisou? Voltaria a morar no RN?

NL - Conheci a maior parte. Gosto de Natal, venho sempre aqui, tenho família aqui, mas não penso em voltar para Natal. Tenho minha família no Rio, estou muito satisfeito no Rio, apesar dos bueiros que voam.

PET - Tem algum inédito na gaveta, está trabalhando em algum projeto?

NL - por encomenda. Estou escrevendo uma peça para o teatro, para João Goes, “As aventuras do Galego Assis.”

PET - Dos escritores potiguares, quais você acha que mereciam mais divulgação?

NL - Tem um bom romancista que é pouco conhecido que é François Silvestre. Que trabalhou na Fundação Jose Augusto e tem um livro muito bom. É impressionante como não há romancistas aqui no Rio Grande do Norte. Não há romancistas, mas poeta tem demais.

PET - Qual sua relação com as mídias tecnológicas?

NL - Adoro a internet. Imagina escrever 300 páginas numa máquina de datilografia? Era terrível, uma coisa horrorosa. Gosto da internet, mas não de brincar e sim para fazer pesquisas e para escrever.

PET - Conselhos para os que almejam ser escritores.

NL - Ler, ler, e ler. De vez em quando tentar escrever alguma coisa, mas é complicado. A leitura é importantíssima, hoje em dia com essa internet a juventude lê cada vez menos. É um absurdo.

PET - Quais seus projetos para o futuro?

NL - Eu gostaria de escrever mais romances, mas eu não sei se vêm. Eu gostaria muito de escrever. Escrevi aquele Fortaleza dos vencidos e estou inconformado e preciso ter força para escrever e vontade de seguir adiante para escrever um romance. Já poesia me dá mais prazer, mas não é mais fácil. Mesmo com a facilidade que eu tenho, não estou conseguindo escrever poesia. É muito chato isso.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Entrevista com Tiago Gonzaga, aluno vencedor do Prêmio Literário Revelação "O trem da minha vida"

  
Tiago ao lado da profa. Conceição Flores
O Prêmio Literário Revelação “O trem da minha vida”, instituído pelo Curso de Letras da UnP e pelo PET Literatura do Rio Grande do Norte, destina-se a distinguir, anualmente, uma poesia inédita de alunos da Universidade Potiguar. Thiago Gonzaga do Santos, aluno concluinte do curso Letras, foi o vencedor do concurso e conversou sobre poesia com Larissa Pereira Soares e Thalita Soares Machado, alunas da 4a série de Letras e bolsistas do PET Literatura do Rio Grande do Norte.

PET - Como você define sua a poesia?

Thiago - Na verdade, eu não sou poeta, sou amante da poesia. Então por gostar de poesia, eu me atrevo, algumas vezes, a escrever. Eu gosto principalmente de poetas do RN, e acredito que a poesia a gente aprende a fazer lendo, então à medida que eu vou lendo, vou conhecendo mais, aí me dá vontade de escrever algo parecido.

PET - Faz muito tempo que você escreve poesias?

Thiago - Na verdade, não. Eu escrevo há pouco tempo e também descobri a poesia há pouco tempo. Então a descoberta da poesia, principalmente a norte-rio-grandense, fez com que eu também fosse me descobrindo, descobrindo meus dotes. Minha vontade de colocar alguma coisa para fora é mais recente.

PET - Como foi que surgiu essa vontade de escrever poesias?

Thiago - Eu gosto muito de literatura do RN. Comecei a ler e aos poucos comecei comprando livros e fui descobrindo que aqui temos autores e poetas muito bons. Foi aí que surgiu a vontade de escrever. Eu pensava “se eles são da terra e escrevem assim, então eu acho que também poderia escrever como eles”. Sempre quis escrever algo. 

PET - Quais são as suas influências?

Thiago - Tenho várias... A influência maior não é só da poesia, mas da própria literatura. Foi com o livro de Clotilde Tavares que eu me apaixonei por poesia e literatura, o primeiro livro dela lançado em 1987. Então com o tempo fui conhecendo outras pessoas como João Gualberto que tem um livro sensacional chamado Máquina de lavar poemas. Depois, conheci outros poetas e poetisas como Diva Cunha, Marize Castro, Franklin Jorge, Lourival Açucena, entre outros.

PET - Se comparasse a produção poética da década de 1980 com a atual, o que diria sobre poesia?

Thiago - Eu acho que a poesia dos anos 70/80, em Natal principalmente, merecia ser mais estudada. Por sinal, tem um livro que reúne essa história poética dos anos de 1970 e 1980 de Natal (Geração Alternativa, Antilogia Poética do RN do J. Medeiros). Os poetas dessa época iam contra o sistema, radicalizavam a poesia, reclamavam da política, reclamavam do meio social, era uma poesia mais anarquista. No próprio livro, eles deixam bem claro que a poesia deles era anarquista, revolucionária e que estavam trazendo uma coisa nova, faziam um protesto através da poesia.

PET - Conte-nos um pouco sobre o seu poema “Bilhete Suicida”.

Thiago - “Bilhete suicida” foi uma homenagem ao livro de Clotilde Tavares. Foi ela quem me inspirou a conhecer a poesia do RN. “Bilhete Suicida”, na verdade, foi uma construção, porque já fazia mais de um ano que eu vinha fazendo o poema e sempre achava que não estava bom. Quando vi que estava bom, faltava apenas o titulo, aí eu pensei em homenagear quem primeiro me deu essa vontade de escrever, de fazer poesia. O nome do livro de Clotilde Tavares é Bilhetes de suicida, então eu coloquei “Bilhete Suicida”, é claro que tive influência também do segundo livro de Ana de Santana Em nome da pele, de que eu gostei bastante. 

PET - Como se dá o seu processo de criação?

Thiago - Basicamente é isso mesmo... é lendo, lendo cada vez mais, lendo coisas novas, buscando. Apagando e construindo novamente.
PET - Nesse processo, quando você diz que vai construindo e quando não gosta, apaga... Você não tem medo de no final a poesia ser outra, fugir da idéia inicial?

Thiago - É verdade, corro esse risco também, mas assim como a poesia é uma coisa subjetiva, de repente pessoas podem se identificar ou não. No caso do poema “Bilhete Suicida”, nem era o meu melhor, mas coloquei-o talvez por ser curto e, ao mesmo tempo, por homenagear Clotilde Tavares. Mas corro o risco de no final não ficar satisfeito com aquilo mesmo. Enfim, eu acho que se não tivesse colocado agora esse poema para concorrer, com certeza eu iria fazer outras modificações.

PET - Poesia é algo necessariamente atrelado à emoção ou pode ser estritamente racional? É possível "poetar" sem se sensibilizar?

Thiago - Embora eu estivesse mais ligado à emoção, hoje já enxergo diferente. Para mim a poesia é mais racional mesmo. Eu tive a experiência de escrever sem emoção em alguns momentos, isso inclusive eu aprendi no curso de Letras. Eu faço mais poesia pelo lado racional, tanto é que para fazer poesia, cada dia você vai escrevendo, rascunhando, construindo até ela ficar pronta ou até chegar o ponto que estiver melhor para você.